Hoje, dia 20 de março, comemora-se a chegada da primavera ao hemisfério norte, mas também o Dia Internacional da Felicidade.
Para celebrar esta nova estação, apresentamo-vos o conto Chegou a primavera. Deliciem-se com a sua leitura e... sejam felizes!!!
Era uma vez uma aldeia situada no cume de uma montanha e que
não conhecia a primavera.
Os habitantes da aldeia já tinham ouvido falar da primavera,
mas nunca a tinham visto. Sabiam que era prima do verão e do inverno, com os
quais mantinha uma relação próxima, já com o seu primo outono a relação era de
distante e ténue, viviam em extremos opostos e nunca se cruzavam. Só o conhecia
pelo que falavam dele, pois nunca se tinham encontrado.
Um dia a notícia de que a primavera viria visitar a aldeia
espalhou-se e os seus habitantes ficaram muito ansiosos pela chegada desse dia.
Na data marcada, eis que chega a primavera! Pediu boleia a
uma rajada de vento que se comprometeu a deixá-la na aldeia às horas marcadas.
Já todos a esperavam.
Quando a viram e a puderam observar mais de perto
constataram a sua sublime e serena beleza. Era tão linda, a primavera!
Vestia roupas frescas de tecidos transparentes de cores
garridas. O seu cabelo era longo e caia-lhe nos ombros. O seu sorriso era os
primeiros raios de sol que alegravam e aqueciam qualquer coração humana. O seus
olhar contundente refletia a paz do céu azul e a sua respiração era a brisa
suave que lhes beijava o rosto. As suas delicadas expressões corporais
assemelhavam-se às mais puras manifestações de fertilidade.
A certa altura, tirou de dentro da mala que trazia a
tiracolo e que era a sua bagagem, uma pequena caixinha de música, já antiga,
cinzelada, de cor púrpura e com motivos florais dourados. Abriu-a! Uma melodia
suave ecoou nos ouvidos dos habitantes deixando-os em estado de êxtase. Era uma
espécie de amálgama onde se misturavam o chilrear dos pássaro, o zumbir das
abelhas, os gritos eufóricos das crianças a brincarem no campo, o bater da
roupa molhada na pedra do tanque enquanto era lavada e o esvoaçar da roupa no
arame a secar.
Consigo trazia também um frasco de vidro transparente com um
líquido de cor lilás que emanava o intenso e relaxante perfume da Glicínia.
Os mais curiosos conseguiram ainda, mesmo sem ela lhes ter
mostrado, alguns dos lenços que trazia onde as borboletas voavam livremente
sobre as flores de mil cores e sobre os campos verdejantes.
Havia ainda algo que a primavera lhes queria mostrar: um
relógio! Um belo e valioso relógio de bolso prateado. Não tinha números…só a
imagem da lua e do sol e duas cores: branca e negra. A branca era mais extensa
e logo se aperceberam que aquele era o relógio que ditava as regras dos dias.
Com a chegada da primavera à aldeia, os dias começariam a ser maiores e as
noites mais pequenas.
Caiu a noite…E os habitantes da aldeia preparavam-se para ir
dormir, assim como a primavera que estava exausta da viagem, quando se
depararam com mais uma melodia mágica, com que a primavera resolvera
brindá-los, pela simpatia de ter sido tão bem recebida. Era o som possante dos
grilos machos e das corujas que entoavam, na imensidão da noite, os seus
cânticos sobre um manto de brilhantes, que refletiam a alegria de todos os
habitantes.
Também para eles começava um novo ciclo com a chegada da primavera…O ciclo revitalizado da fertilidade!
http://www.luso-poemas.net
Sem comentários:
Enviar um comentário